Um dilema comum vivido por muitas pacientes é o que tratar primeiro: a dor com medicamentos e eventualmente cirurgia, ou a infertilidade, recorrendo a tratamentos de reprodução assistida.
Nessa caminhada, boa parte das pacientes preferem resolver primeiro a maternidade, recorrendo à fertilização in vitro (FIV).
Infelizmente, nem sempre a gestação ocorre. Os motivos podem ser vários, e muitas vezes tem a ver como uma resposta inadequada do organismo durante as várias etapas da FIV, em decorrência da endometriose.
Surge dessa forma o questionamento: é viável voltar atrás na decisão, e ir agora pelo caminho da cirurgia ao invés de se realizar nova tentativa de FIV?
Tentando responder a essa questão, um grupo de pesquisadores de um hospital de Israel estudou 78 mulheres com endometriose avançada que haviam tido falhas em tratamento de FIV e resolveram recorrer à cirurgia para tratar as dores associadas à doença antes de fazerem nova tentativa de gravidez.
O resultado foi animador: 33 mulheres engravidaram após a cirurgia, sendo 3 gestações espontâneas e 30 após nova FIV. Isso representa uma taxa de 42% de sucesso, o que pode ser considerado bom frente à gravidade dos casos (em média as pacientes estavam tentando gestação há 6 anos e já haviam feito pelo menos 4 tentativas de FIV antes de operarem) e pelo curto espaço de tempo entre a cirurgia e a gestação (em média 6 meses).
As maiores beneficiadas com a cirurgia foram as pacientes mais jovens (32,5 anos de média no grupo que engravidou contra 35,5 anos no grupo sem gestação) e com reserva ovariana boa (estoque de óvulos). O estudo destaca a importância da cirurgia ser realizada por especialistas em cirurgia reprodutiva e endometriose.
A conclusão dos autores é que realizar a cirurgia para endometriose, antes de uma nova tentativa de FIV, pode ser muito benéfico para mulheres que tiveram falha de FIV, têm menos de 35 anos e boa reserva ovariana.
No Mês Mundial de Conscientização sobre a Endometriose, a campanha Março Amarelo alerta para uma doença que afeta 176 milhões de mulheres em todo o mundo e aproximadamente 7 milhões no Brasil. A Clínica CADI apoia esta luta criada para que mais pessoas tenham acesso à informação e tirem as dúvidas que existem ao redor da doença.